ASPIRANTE AO CURSO DE PEDAGOGIA

A escolha pelo curso de Pedagogia deu-se através de vários fatores ocorridos em minha vida desde a infância até a entrada na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Campus de Jequié).

Sempre gostei do ato de ler. Lembro-me que na igreja onde congrego (I Igreja Batista), fazia parte do grupo de crianças e todas as atividades que a professora da Escola Bíblica Dominical aplicava na sala ou pedia para que fizéssemos em casa, eu era a primeira a responder as questões. Minha sede pela leitura era tão grande que lia o livro todo em apenas um dia.

Minhas brincadeiras de criança era na maioria das vezes relacionadas ao ensino, eu gostava muito de brincar como professora com minhas irmãs, e elas coitadinhas tinham que fazer as atividades que eu escrevia no quadro-negro com giz.

Porém, houve uma época da minha vida que tive que abandonar a escola por motivos de saúde, mas, nunca perdi o hábito pela leitura. Lembro-me que os livros de Língua Portuguesa que minhas irmãs recebiam no colégio, eu lia todos e ainda ajudava elas a responderem o dever de casa passado pela professora da escola.

Percebi então que o meu lugar era exatamente na sala de aula e resolvi voltar a estudar independente do meu estado de saúde, não sem o apoio dos meus pais. Pensava, porém, que não conseguiria acompanhar os meus colegas de escola durante o processo de aprendizagem, mas, para minha surpresa, Deus me abençoou de um modo tão maravilhoso que eu consegui dar conta do recado e ainda estar entre os mais “inteligentes” (com bastante esforço) da sala de aula.

Ao término do Ensino Médio, resolvi então prestar vestibular para o curso de Pedagogia por julgar ter vocação para o ensino. Ao adentrar na universidade eu fiquei feliz e ansiosa para aprender o que no futuro iria ensinar. Porém, ao chegar na metade do curso, percebi que o meu sonho de transformar o sistema de ensino vigente na sociedade era utópico e platônico, pois, o poder dominante que controla o universo escolar era poderoso demais para ser rompido.

Foi aí que comecei a indagar a mim mesmo: porque que eu escolhi esse curso se ao menos nem posso transformar para melhor? Nesse tempo, todas as disciplinas ensinadas na sala de aula, para mim, eram verdadeiras hipocrisias, eu achava que não havia mais jeito para transformar a sociedade através da educação.

Nossa vida, porém, é como a montanha russa, cheia de autos e baixos. Novamente compreendi que a transformação não acontece de fora para dentro, mas, ela só pode surtir efeito se começarmos a pensar nos alunos que teremos na sua realidade de vida e em seu contexto social. Pensando dessa maneira, percebi que havia uma luz no fim do túnel, isso renovou minhas esperanças em relação ao meu desejo inicial para a educação escolar.

Mas ainda eu era bastante sistemática, e achava que toda criança independente de seu meio social, cultural, religioso e econômico, deveria aprender o mais rápido possível a ler e a escrever. Todavia, quando experienciei pela primeira vez a sala de aula como professora (isso aconteceu no estágio do semestre passado com o Ensino Infantil) decepcionei sobremaneira na primeira semana, pois as crianças não correspondiam as minhas expectativas no processo de ensino e aprendizagem.

Como tudo na vida eu encaro como um desafio, pesquisei a realidade extra escolar desses alunos e descobri que eles passavam por muitas dificuldades financeiras além de possuírem uma carência afetiva muito grande. Então o meu foco mudou radicalmente: de metódica e sistemática passei a ser afetiva e compreensiva. Essa minha nova atitude rendeu frutos, pois a partir de então, essas crianças corresponderam com minhas expectativas.

Bem, aqui estou para realizar a mais um desafio dessa profissão, o de estagiar como professora nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Espero poder contribuir na transformação do sistema educativo como sempre quis, mas agora, com uma visão mais realista da sociedade em que vivemos mais afetiva, mais compreensiva e porque não dizer, mais humana em nome de Jesus.